Os travões de tambor estão de volta, e com razão

Publicado a por Eduardo

Os travões de tambor estão de volta. Deixaram de estar presentes apenas em carros citadinos ou de entrada de gama e a culpa é dos carros eléctricos.

Os travões de tambor têm uma performance inferior comparando com travões de disco. O calor é um inimigo dos travões, e se um disco ventilado arrefece mais facilmente, um tambor fechado entra em fadiga rapidamente.

Estamos então a regredir? Não, bem pelo contrário.

Travões de tambor no eixo traseiro do ID.3

Um carro eléctrico praticamente não usa os travões, a desaceleração é feita maioritariamente pelo motor que começa a funcionar como um gerador e carrega a bateria. Funciona um pouco como travar com o motor, com a diferença que num eléctrico a travagem pode-se assemelhar a reduzir de 4ª para 2ª, mas sem partir a caixa.

E isto levanta algumas questões que obrigam a repensar nos travões num eléctrico.

Primeiro os custos de manutenção, não é o caso em Portugal mas nos climas mais frios os discos e pinças ganham corrosão por falta de uso. Depois a performance, as pastilhas podem ficar vidradas por não terem uso e reduzem o poder de travagem. E como os travões só actuam a velocidades mais baixas acabam por não atingir uma temperatura ideal. Por fim o peso e custo adicional de ter travões de disco.

Com isto em mente a Volkswagen começou a usar travões de tambor no eixo traseiro do ID.3 e ID.4, carros com mais de 200cv e 1700kg ou mais de peso. Outros fabricantes de eléctricos também o fazem, como a Renault ou Nissan, mas no caso da Voltswagen (nome que adoptaram para o 1 de Abril) usam um sistema totalmente selado porque não é necessária ventilação e com isto evita-se a corrosão dentro do tambor. O sistema desenvolvido pela Continental incluí também o travão de estacionamento (já não o podemos chamar de mão) e acaba por criar uma unidade mais compacta.

Além do peso reduzido os travões de tambor também têm menos resistência ao rolamento, tornando o carro mais eficiente, e nos eléctricos todos os quilómetros de autonomia contam.

Embora possa parecer estranho comprar um carro deste valor e performance com tambores atrás, a verdade é que faz todo o sentido. Mesmo os discos à frente podem ser mais pequenos, algo que também já é aplicado na competição automóvel.

Na Fórmula 1 com o sistema ERS que, tal como num eléctrico, trava o carro recarregando a bateria, reduziram o tamanho dos travões para tornar os carros mais leves.

E com as jantes cada vez mais fechadas para melhorar a aerodinâmica porque, lá está, os travões precisam de menos ventilação, deixamos de ver os discos como num carro a combustão.

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