Não, os carros não vão ficar com velocidade máxima limitada

Publicado a por Eduardo

Será que as pessoas integras que gostam e percebem de automóveis desapareceram ou os agregadores de notícias começaram a ganhar tracção para espalhar títulos sensacionalistas pelas redes sociais fora?

Qualquer dia mudo o nome do blog para Gosto mais de Factos do que Chocolates com os artigos que tenho que escrever a esclarecer essas "notícias".

Limitador de velocidade inteligente

A última onda de notícias é que todos os carros a partir de 2022 passam a estar limitados a uma velocidade máxima. Dependendo do agregador de notícias tanto podem ser os carros novos como todos os carros a circular, outros indicam que o sistema vai travar o carro automaticamente e em Portugal se gostam de passar dos 120 é de aproveitar até 2022.

Esclarecendo já isto, não, os carros não vão ficar limitados. Se já conduziram um carro com limitador de velocidade então é semelhante. O sistema que vai ser obrigatório é o que já existe em vários carros que ao ler os sinais de trânsito através de uma câmera ou pela informação de velocidade máxima da via no mapa do GPS apresenta essa informação ao condutor e emite um alerta quando passa essa velocidade. Isto não é novidade, até os GPS que se compravam antigamente o faziam.

O carro não vai ficar bloqueado nem vão ter o carro a travar automaticamente porque estão a fazer uma ultrapassagem a 70 e de repente aparece um sinal de 50.

Efectivamente alguns carros vão ter a opção, como já existe actualmente, de não permitir que o carro passe daquela velocidade. Eu já tive um carro com esse sistema e dá imenso jeito, mas se o limite é de 80 e eu quero ir mais rápido basta carregar no acelerador e o limitador fica desactivado, muito simples.

E não, este limitador não vai ser aplicado a todos os carros, apenas ao carros novos vendidos a partir de 2022 na Europa.

Outros sistemas como os de furo num pneu, aviso de transposição de faixa, alerta de cansaço do condutor ou ligar os quatro piscas numa travagem brusca não são novidade, são úteis e passam a ser obrigatórios também nos carros novos a partir de 2022.

A polémica das caixas negras

Outro componente que passa a ser obrigatório é o Event Data Recorder, uma espécie de caixa negra que grava o estado do carro. Os comentários nas redes sociais são de ir às lágrimas, especialmente porque quase todos os carros com menos de 20 anos já gravam este tipo de informações em vários locais.

Seja na centralina do carro, seja no módulo de controlo dos airbags, em caso de acidente são vários os dados que lá ficam registados: velocidade, rotações, desaceleração (força G), horas de uso, etc.

Em alguns acidentes onde existem vitimas mortais e não existem testemunhas estes dados são muitas vezes acedidos pelas forças de autoridade ou seguradoras para apurar o que aconteceu.

A única diferença é que passa a ser obrigatório que todos os carros registem os mesmos dados sobre o mesmo protocolo, ou seja, em vez de ser necessário em caso de acidente aceder a várias centralinas e obter diferentes dados com diferentes softwares para cada fabricante, estes passam a ser guardados num local central. Isto é um pouco como obrigar a que os telemóveis usem todos o mesmo tipo de carregador, sempre carregaram mas cada um tinha um carregador diferente.

O combate à desinformação passa por nós

Li várias das notícias que iam sendo publicadas sobre o tema, desde títulos enganadores que eram contraditos no corpo da notícia a más traduções do inglês para o português. Uma até traduziu o sistema de travagem de emergência que liga os quatro piscas como sendo um sistema que trava o carro automaticamente se o sinal estiver vermelho.

Evitar ler apenas os títulos ou partilhar estas notícias sensacionalistas é um bom começo. O mercado automóvel até estava livre desta praga, mas ultimamente tenho visto cada vez mais notícias erradas sobre os automóveis.

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